17 de dez. de 2009

Herbívoros Junkers comedores de pizza no shopping.

Uma breve reflexão sobre mentalidade pequeno-burguesa, ambiente de trabalho, deslocamento, Max Weber, vida docente e pizza. Clique abaixo ou no título para continuar a leitura.


Herbívoros Junkers comedores de pizza no shopping.

Por Ioda. 17 de dezembro de 2009.

Acho que finalmente, depois de 5 anos sofrendo, consegui entender, ou ter um vislumbre, do por que tenho tanta dificuldade em me adaptar por aqui, em especial ao lugar de trabalho. Estive lendo um ensaio de Weber sobre os Junkers. Tão claro, tão belamente escrito, tão diferente dos autores acadêmicos que tive que enfrentar ultimamente ... mas, enfim, Weber descreve os Junkers como uma classe-média enfeitada de aristocracia.

Engajados na faina do dia-a-dia, estão de sobremaneira preocupados com a sobrevivência econômica para se ocuparem de espírito àquilo que um verdadeiro aristocrata, no sentido ideal grego, deveria ser. Alguém dedicado à questões superiores, voltado ao bem estar coletivo, aproximar-se do ideal de άριστος, aquele que vai à frente na batalha.

Mas já dizia Elke Maravilha "o brasileiro não tem romantismo político, nem idealismo". Eu não diria os brasileiros. Gaúchos, mineiros, paulistas, pernambucanos e acreanos são conhecidos por suas paixões políticas. Restringiria meu comentário aos centro-fluminenses, destituídos que são de todo e qualquer espírito coletivo que não seja o das facilitações indevidas. Destruídos no paladar político por conta da longa história de vida palaciana. Envenenaram progressivamente o próprio gosto, o próprio olfato, a possibilidade única de viver algo que não seja uma vida de papel, de objetos e confortos pequeno burgueses. Nenhum ideal sobrevive ao ajuste constante por melhores benécies e maiores vantagens.

E é neste ponto que os centro-fluminenses, e em particular os docentes, me foram explicados pela tese de Weber. O estado prussiano a lhes exigir lá que fossem aristocratas, sem o poderem ser, por conta da própria constituição básica, condenando-os a existir como caricaturas. E eu cá, a exigir que fossem άριστος. Que se pusessem acima das necessidades cotidianas básicas, da pizza, do baile, do dvd, do empréstimo, dos objetos e confortos da vida pequeno burguesa. Mas não, para eles não é possível. É quase como pedir a um grande herbívoro que coma carne. Seu trato digestório simplesmente não dá conta do recado. E eu, infelizmente, estou isolado entre herbívoros.


Herbívoro Junker comendo pizza no shopping.





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